Reabrindo o Mercado de Entretenimento no Brasil
Este artigo analisa o impacto do COVID19 na indústria de entretenimento ao vivo e sugere protocolos de retomada baseado na experiência de outros países. Também disponibilizamos neste portal nossa pesquisa e um compilado dos protocolos em formato de apresentação.
Esperamos que este trabalho, em conjunto com outras iniciativas, ajude a trazer de volta o mercado de experiências ao vivo o quanto antes.
“Um em cada quatro empregos está relacionado a entretenimento, turismo ou hospedagem” — Brian Chesky, Fundador do AirBnB em Masters of Scale
“Apocalipse” no Mercado
Entretenimento, assim como turismo e hospedagem, são os segmentos mais brutalmente afetados pelo COVID19. Recentemente, a Eventbrite, uma das maiores empresas no segmento de tickets no mundo, demitiu 45% da empresa pessoas e fechou sua operação no Brasil. A empresa tinha aberto capital na bolsa (IPO) em Setembro de 2018 ao preço de US$34 por ação (atualmente negociados em $8.56).
A empresa é só um exemplo do enorme dano que o mercado de entretenimento vem sofrendo. Segundo a Wired UK, houver uma redução de 85% em novas reservas no AirBnB durante o período referido pela revista como o “apocalipse” da empresa. No Brasil não foi diferente. Eu vi de perto o impacto sofrido por empresas dos mesmos segmentos. Segundo a FIPE, “atividades artísticas, criativas e espetáculos” estão entre os 5 ramos mais afetados pelo COVID (Secretaria de Cultura e Economia Criativa).
Entretenimento ao vivo não só é o primeiro mercado a ser afetado pelo lockdown, é também o último a voltar à normalidade. No final de Março, quando a China já caminhava para a reabertura, o volume de passagens de metrô e tráfego de automóveis, já correspondiam a 50% e 90%, respectivamente, do volume histórico. Enquanto isso, as bilheterias de cinema mostravam quase nenhuma recuperação (Brazil Roundtable, BCG).
Para tornar a coisa ainda mais complicada, novos surtos de contágio são esperados, uma vez que começarmos a relaxar as restrições, como foi o caso em várias outras epidemias como MERS ou Gripe Espanhola.
Muitos especulam que essa segunda onda pode ser ainda mais tóxica para a indústria de entretenimento ao vivo. “O retorno desse novo coronavírus é a sombra que paira sobre o futuro dos esportes, shows e todos os eventos em massa” (Wall Street Journal, 17/Abr). Nos USA, essa segunda onda acertaria o país em Setembro, justamente no início da temporada de futebol americano. Scott Gottlieb, o antigo “Food and Drug Administration Commissioner”, coloca aglomerações em massa no final da fila no seu plano de retomada (National Coronavirus Response: A Road Map to Reopening, American Enterprise Institute). Os estádios repletos de fãs estão condicionados a um outono sem novos picos e a um robusto sistema de testes e rastreamento para identificar e isolar novos casos.
E a tão esperada vacina? Para ser franco, a vacina pode estar muito mais distante do que gostaríamos de acreditar. Gottlieb afirma que devemos assumir que “a vacina pode demorar 2 anos” (14/Abr). Já o segundo o Vice-Presidente de Taiwan, estima a chegada de uma vacina em um ano e meio. Antes disso, “vamos precisar manter medidas de distanciamento social em um estado de semi-normalidade” diz o Vice-Presidente e também epidemiologista com doutorado na Johns Hopkins University (18/Abr). Bill Gates, que tem tido notório envolvimento com a crise, também fala de um período de, no mínimo, 18 meses. Anthony Fauci, Diretor do National Institute of Allergy and Infectious Diseases, estima que talvez consigamos reduzir o prazo para mais próximo de um ano, mas afirma que não quer “prometer demais” (15/Abr). Previsões otimistas, como a de Ursula von der Leyen — Presidente da European Commission — que defendeu que poderíamos ter uma vacina antes do outono (17/Abr), são exceção à regra entre as autoridades em saúde pública.
Em tal cenário, como fica o futuro de uma indústria que depende em aglomerações de pessoas?
A Retomada em Outros Países
É difícil imaginar uma retomada de eventos nas circunstâncias atuais, porém seria ingênuo duvidar da capacidade humana de adaptação ou da criatividade dos empreendedores em entretenimento ao redor do mundo. Nesse sentido, podemos nos beneficiar da experiência dos países que estão à nossa frente na cronologia da pandemia. Nesses, já podemos observar o retorno dos eventos em uma “nova normalidade.”
Casas noturnas em Shanghai, como a “44KW” e “Elevator”, estiveram entre as primeiras a reabrir em 12 e 20 de Março, respectivamente. A abertura de casas, mesmo com público reduzido, mostra um avanço importante na retomada do mundo do entretenimento. A China havia atingido seu pico em Janeiro.
“Foi emocionante e surreal, não só ver os amigos novamente depois de tanto tempo, mas também ouvir a música no sistema de som e dançar juntos” reporta Kristen Ng, que toca como DJ na cidade de Chengdu para o Resident Advisor, que já anuncia uma lista de atrações concentradas em Beijing, Chengdu e Shanghai.
Com os primeiros sinais de retorno, uma das perguntas que surgem com mais freqüência é “qual a nossa previsão de retorno”? Embora seja impossível estimar uma data com confiança, podemos analisar as diversas previsões de outros países. Baseado nos anúncios de diversos governos e em colaboração com a Ingresso Certo, produzimos a análise abaixo. Na coluna “Lockdown” temos o tempo em que cada país ficou sob lockdown total ou parcial. A coluna seguinte, “LD + Eventos”, mostra a quantidade de dias adicionais após o lockdown durante os quais o respectivo país planeja ficar sem eventos de massa.
Por exemplo, a Alemanha ficou em lockdown por 41 dias e planeja retomar grandes eventos em 4 meses com os primeiros grandes shows em setembro. Eu também “plotei” as reaberturas anunciadas dos diferentes tipos de eventos conforme estes vêm sendo anunciados. No exemplo, museus alemães reabrem esta semana. Pela análise, observamos que a média global para o retorno de eventos de massa é de 84 dias a partir do relaxamento do lockdown. Além disso, existe consenso sobre diferenças de risco entre eventos: por exemplo, museus, exposições e eventos ao ar livre apresentam menor risco do que grandes shows.
Coreia do Sul: A “Quarentena do dia-a-dia” 🇰🇷
Estudar casos específicos em outros países também pode nos dar muitos insights sobre a nossa própria retomada. A Coreia do Sul conteve a epidemia de forma magistral através de uma combinação de testes em massa e medidas de distanciamento social. Os sul-coreanos conseguiram inclusive conduzir suas eleições legislativas em meio à pandemia com número recorde de votantes.
Restaurantes e bares passaram a adotar a distância de 2 metros entre mesas, com cadeiras intercaladas ou em zig-zag. Karaokês passaram a adotar “capas” nos microfones e, seguindo recomendações do governo, estabelecimentos passaram a ter um quarantine manager para supervisionar os protocolos de reabertura e saúde. Para eventos de esporte, o governo pede aos torcedores que evitem gritar (por conta do risco de contaminação por saliva), abraçar e fazer “high-fives” e baixou um decreto específico contra cuspir em estádios. Sessões de autógrafo também são desencorajadas. A liga de baseball se prepara para retornar no dia 5 de Maio.
Alguns países nórdicos instituíram “shows drive-in” como forma de driblar o coronavírus. O cantor Dinamarquês Mads Langer recentemente vendeu 500 ingressos em alguns minutos para show na cidade de Aarhus, Dinamarca— anunciado apenas 6 dias antes do show.
No geral, interações sociais como um todo estão sendo repensadas. Este tipo de mudança representa um impacto enorme em países como o Brasil, onde temos a cultura de beijar no rosto pessoas que acabamos de conhecer. Os sul-coreanos, que já se reprogramaram para se apresentarem a 2 metros de distância, criaram um nome para esta nova etiqueta: a “quarentena do dia-a-dia”.
China: A Carteira de Imunidade 🇨🇳
Outra iniciativa que vem recebendo muita atenção é a ideia de uma “carteira de imunidade”. Na América do Sul, a ideia foi anunciada pelo Presidente Piñera do Chile, em 24 de Abril: “Este plan va a incluir nuevas herramientas que nos entrega la ciencia y la tecnología. Por ejemplo, la implementación de un plan masivo de testeos rápidos de anticuerpos, de forma tal de poder entregar un Carnet COVID-19 a todos aquellos que cumplan con los requisitos.” A Alemanha também aderiu ideia e Fauci declarou que os EUA estão considerando. A ideia de “prover aqueles que já foram testados com uma identidade médica que poderia ser verificada por empresas, escolas e agências públicas” também é mencionada no plano Roadmap to Pandemic Resilience do Safra Center de Harvard.
No entanto, o país que utilizou mais amplamente este recurso foi a China, onde clubes já “escaneiam” QRCodes dos convidados na entrada indicando seu status de saúde. Para receber o status, os Chineses precisaram baixar um aplicativo que contém um algoritmo que avalia o status de saúde de cada cidadão e que está integrado aos principais apps da China (das companhias Alibaba Group, Tencent Holdings e Baidu). Praticamente todo chinês tem esses aplicativos no smartphone — mais ou menos como é com o WhatsApp no Brasil. Os aplicativos funcionam de forma diferente dependendo da cidade e província e pedem informações dos usuários para complementar a análise. Algumas das perguntas são invasivas para padrões ocidentais, incluindo o histórico de viagens e identificação de pessoas conhecidas diagnosticadas com o vírus (Fortune) — você acha que no Brasil as pessoas reportariam um conhecido?
Ao entrar no metrô, fazer check-in em um hotel ou entrar em uma casa noturna, o usuário precisa mostrar o status de saúde com a esperança de receber o código verde. O código vermelho indica que a pessoa está infectada. Amarelo indica que a pessoa está potencialmente infectada — ela pode ter tido, por exemplo, contato com alguém infectado e não terminou a sua quarentena de duas semanas em casa (TIME). Vermelho, that’s bad news.
O Chimelong Paradise em Guangzhou — o maior parque de atrações da China com capacidade para 50 mil convidados e área de 60 hectares — passou a aceitar convidados no dia 30 de Abril desde que apresentassem o código de saúde verde (Blooloop).
O cartão de imunidade não é livre de controvérsias. A OMS se pronunciou afirmando que não é 100% comprovado que todos os infectados necessariamente desenvolvam anticorpos (Vox, Harvard Safra Center). Outra objeção levantada é que o cartão pode gerar desconforto social, criando preconceito entre imunizados e não imunizados. Finalmente, conforme apontado em relatório da Goldman Sachs, países do Ocidente não possuem a unificação política e tecnológica Chinesa que permite implementar uma solução padronizada em tempo recorde com acesso quase irrestrito a informações individuais.
A comunidade científica, no entanto, pende cada vez mais para a conclusão de que, em praticamente, todos os casos, uma pessoa que foi imunizada, não pode contrair novamente o vírus. “O risco de ser infectado mais de uma vez com SARS-CoV-2 é nulo”, segundo o epidemiologista Gregory Gray da Duke University. Além do mais, o cartão de imunidade não precisa ser utilizado em 100% dos eventos ou ter absoluta efetividade. Basta que ele seja eficaz o suficiente. Este tipo de argumento seria equivalente a dizer que você prefere não ter detectores de metal nos aeroportos porque eles funcionam “apenas” 90% das vezes. Em conjunto com outras medidas de segurança, esta pode ter um efeito prático importante na retomada dos eventos.
Retomada no País do Carnaval
O Brasil mostra diferenças importantes em relação a países como a Coreia do Sul e China.
Precisamos pensar em soluções que levem em conta nossa limitação em termos de testes de massa, nossas normas sociais de privacidade, liberdades individuais e a cultura brasileira.
Abaixo compartilho algumas lições importantes que a nossa equipe identificou que têm se saindo particularmente bem na luta contra o COVID e que são aplicáveis ao Brasil no curto prazo. Não falarei de medidas gerais de higiene aplicáveis a todas as indústrias — estas já estão amplamente documentadas (aqui você pode encontrar as diretrizes gerais da OMS). Destacarei, orientações práticas e específicas para o mercado de entretenimento.
Alemanha: A Ordem de Retomada 🇩🇪
Um primeiro consenso que surge é que existe uma ordem lógica de retomada. Analisando o comportamento ao redor do mundo, museus, parques e exposições são os primeiros a reabrir. A Alemanha já se prepara para abrir o Museu Barberini em Potsdam no dia 6 de Maio. Além das máscaras e protocolos de higiene, o museu operará sem os guias de áudio analógicos e com vidros plexiglass nas bilheterias (The Art Newspaper).
“Ingressos de papel também são coisa do passado”, diz Dorothee Entrupp, coordenadora da reabertura dos museus. Tanto guias de áudio como ingressos ficam agora disponíveis online.
Baseado no “perfil de risco” de cada evento é possível prever uma ordem de reabertura. Recomendo avaliar 2 eixos na análise, o potencial de contágio de um evento e o número de pessoas no evento.
O potencial de contágio de um evento é proporcional à quantidade de pontos de contato entre as pessoas no evento, que possam gerar transmissão. Eventos ao ar livre ou com circulação de ar de qualidade, são menos arriscados. Nesse sentido, museus, exposições e parques temáticos permitem contato controlado através de novas rotinas de circulação de pessoas. No museu Barberini, por exemplo, visitantes são guiados em um caminho circular de forma que jamais cruzem uns aos outros (Deutsche Welle). Está lógica de circulação de pessoas pode ser aplicada em São Paulo em museus como o MIS, MASP e na Pinacoteca (onde pode-se, por exemplo, manter apenas uma porta aberta para circulação unidirecional).
Acreditamos que é possível reabrir museus no curto prazo, criando um momento muito marcante para a cultura no nosso país, onde estes se tornariam, por um período de tempo, a principal opção de entretenimento do brasileiro.
Singapura: Controle de Fluxo de Pessoas 🇸🇬
Controle de fluxo de pessoas será um dos pontos chave na retomada. No dia 27 de Abril, a IAAPA (Asia-Pacific Global Association for the Attractions) publicou uma série de diretrizes voltadas à retomada em parques de atrações. Além das diretrizes gerais de higiene e digitalização de processos, a associação inclui uma autodeclaração de imunidade e orientações estritas sobre o número de pessoas por período de tempo. A American Alliance of Museums adotou uma estratégia de ingressos que “expiram” após certo tempo. Desta forma, os convidados têm um período definido de tempo durante o qual podem ficar no museu. Além do “one-way-flow”, a AAM também postula que o museu deve ter, no máximo, duas entradas e eliminar a circulação por espaços apertados. Os alemães limitaram a densidade de pessoas a 1 pessoa por 15 m² em Brandenburg (The Art Newspaper).
Singapura adotou um cuidado especial com sinalização (American Alliance of Museums) em filas, mesas, quiosques e todos os ambientes nas exposições. Até os convidados se acostumarem com as novas medidas de distanciamento social, praticamente todo o fluxo de pessoas deve ser marcado.
Califórnia: Nova Lógica para Assentos Marcados 🇺🇸
Estes fluxos são especialmente importantes em eventos com assentos marcados. O governo do estado da Califórnia suspendeu temporariamente a marcação de assentos online (CDPH Guidance for the Prevention of COVID-19 Transmission, Março, 2020), exigindo que os convidados sentem a, no mínimo, 1,8 metros (6 ft.) de distância um do outro, intercalando cadeiras. A figura do usher — aquele moço que antigamente nos mostrava onde sentar no cinema com uma lanterna — retorna na época do COVID para guiar os convidados.
Outra forma de abordar o problema é criar marcações definidas de distância, porém esta estratégia tem a desvantagem de separar membros da mesma família.
Protocolos Gerais Para Eventos
Após digerir diversos guias, acreditamos que o retorno do mercado de eventos está baseado em 4 variáveis: (1) avaliação de risco por tipo de evento; (2) timing de reabertura de cada segmento; (3) protocolos de retorno por tipo de evento — os quais eu resumo abaixo — e, por fim, (4) nossos ciclos de aprendizado com cada evento que ocorrer.
Os protocolos podem ser resumidos em 3 passos conforme a imagem abaixo e reiteramos a sugestão da Apresenta Rio (Associação da Indústria do Entretenimento), para que eventos que cumpram todas as exigências recebam um selo “COVID-0” (“leia-se COVID-ZERO”).
Ciclos de Aprendizado
Por fim, gostaria de levantar um ponto que vem sendo deixado de lado na discussão. Muito debate vem acontecendo sobre quando reabriremos o mercado em geral quando provavelmente deveríamos estar muito mais focados em entender o impacto dos eventos no nosso sistema de saúde.
Em outras palavras, nosso foco deveria estar voltado não só em estabelecer um calendário de relaxamento, mas em utilizar tecnologia para entender o impacto de cada tipo de evento no grupo de convidados. Este acompanhamento pode ser feito através dos aplicativos utilizados para acesso em eventos com consentimento dos usuários. Por exemplo, um grupo de usuários interessados em participar de um evento, pode concordar em passar feedback não só sobre seu status de saúde, mas também sobre as condições gerais do evento. Dessa forma, com a ajuda do público, podemos entender qual o nível de risco que cada evento apresenta. Se após, por exemplo, duas semanas, nenhum convidado reportar problemas de saúde, podemos relaxar progressivamente a retomada.
Naturalmente, não será possível estabelecer causalidade, ou seja, saber se o convidado foi infectado por conta de más condições de higiene no evento ou por outro motivo não relacionado. Porém, será possível identificar correlações importantes.
Como, por exemplo, a porcentagem dos convidados em eventos com cadeiras intercaladas que apresentaram sintomas, ou medir a efetividade estatística de carteiras de imunidade em eventos.
Comparando esses resultados com as taxas “de controle”, ou seja, com a taxa de contágio média, é possível concluir, com enorme precisão estatística, qual impacto eventos ao vivo realmente apresentam no alastramento do vírus. De outra forma, estamos “navegando no escuro” e conduzimos nossa retomada baseada no “bom senso”. Isso precisa acabar o quanto antes, para dar espaço à certeza científica, principalmente se pretendemos congelar uma indústria inteira durante vários meses seguidos.
Na nossa matriz de risco (público x potencial de contágio), seria sensível incluir um terceiro eixo: a vulnerabilidade econômica. Em outras palavras, quanto mais vulnerável um segmento, mais rapidamente precisamos aprender a medir o impacto que ele realmente tem no nosso sistema de saúde. Depois de cerca de um mês de paralisação no Brasil, acredito que tenhamos identificado as diretrizes gerais — que espero ter conseguido resumir aqui. Agora, é hora de começarmos a tirar as nossas próprias conclusões, o mais rápido possível com objetivo de salvar um mercado que movimenta US$15 bilhões por ano no Brasil e emprega milhares de pessoas.